sábado, 26 de novembro de 2011

Apesar da crise, continua o fluxo de brasileiros ao Japão


Segundo Mirian Ota, gerente de uma agência de Londrina (PR), nos meses subsequentes ao tsunami houve uma queda, mas a procura não parou

Londrina, 25/nov - As tragédias naturais, enfocadas com dose de exagero pela mídia brasileira, e a pior crise recessiva do pós-guerra não destruíram o sonho de muitos brasileiros voltarem ao Japão.A procura ainda continua e a prova disso é uma agência de Londrina (PR), que tem recebido três a quatro ligações novas por dia. “Considero uma média boa, pois são contatos de pessoas que nunca nos ligaram”, diz a gerente Mirian Ota.Segundo ela, nos meses subsequentes ao tsunami houve uma queda, mas a procura não parou. Em junho, o segmento de “bentos”, padaria e confeitaria começou a pedir gente para suprir a demanda da região assolada pelo maremoto.“As pessoas também pediam vagas neste setor, pois em contato com os parentes no Japão, sabiam que o segmento estava contratando”, esclarece Mirian.Ainda hoje ela recomenda o serviço alimentício aos candidatos, já que o segmento automotivo não se estabilizou.Miriam diz que a pergunta clássica dos pretendentes às vagas é: “Japão ainda compensa?”. Ela não vacila na resposta: “Se o candidato ganha salário de R$ 700 no Brasil e paga aluguel, o Japão ainda é bom.”A agência tem constatado o interesse de muitos casais jovens, já que o esforço dobrado ainda dá uma boa renda.Embora não saiba bem as razões, a agenciadora credita o crescimento da demanda à valorização do iene e do dólar.  Kleber Ariyoshi, de uma agência de Maringá (PR), também compartilha da opinião que a melhora no câmbio tem animado muitos a voltarem. Diz, porém, que mudou o perfil dos candidatos. “Muitos dos que vieram antes da crise de 2008 regressaram. O restante está com visto vencido”, explica Ariyoshi.Segundo ele, esses é que tem procurado as agências para regularizar a documentação e são mais fáceis de embarcar. “Já os que atravessaram a crise no Japão estão  receosos e exigentes. Procuram mais voltar por conta, pois o visto ainda tem prazo de validade”, afirma. Ariyoshi considera que as ofertas melhoraram bastante sobretudo na área de alimentos e autopeças. Ressalta que a agência encaminha mais para a Suzuki, cuja produção não foi tão afetada, segundo ele.Outra agência de São Paulo diz que as propostas de serviço aumentaram bem de um mês para cá, com promessa de melhora em janeiro. “O setor automobilístico está pedindo gente, embora não tenha hora extra”, enfatiza. Ela garante que voltou a recuperar a média que sempre enviou ao Japão.Queda de 50%. Mas nem todas as agências estão remando nesta maré boa. Uma que recruta em São Paulo e Londrina ressalta que a procura dos candidatos caiu 50% em relação à pré-crise.“A economia brasileira melhorou e está mais fácil de conseguir emprego”, diz a recrutadora. “Enquanto estamos mexendo na documentação, o pretendente arruma uma colocação aqui e desiste de ir”, comenta. Ela afirmou que algumas terceirizadas da Toyota cancelaram os pedidos de contratação do Brasil por culpa das inundações da Tailândia. E as outras ofertas estão por conta da recuperação da produção em atraso e o que vem depois disso é uma incógnita. Uma agência de Cuiabá (MT) também sentiu retração de 50% dos candidatos, se comparado com 2006. Conforme Roberto Mori, o recuo parece ter sido geral na cidade, pois muitas agências de São Paulo que davam estruturas a recrutadores locais, bancando aluguel e telefone, além de publicidade, já não estão fazendo isso. Relata, porém, que após o tsunami, houve muitas ofertas, mas poucos interessados, devido à forte repercussão das matérias sensacionalistas sobre o tsunami e o desastre nuclear. Diz, porém, que a procura persiste, pois para muitos o retorno não tem apenas objetivos monetários, representando a opção por mais segurança e pelo modo de vida no Japão.


MARLY HIGASHI

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