Tiramos o dia de hoje para falar sobre o Japão – Terremoto e desemprego: o resumo de uma crise de 2008 a 2012.
Entenda a crise dos EUA:
Financeiras americanas confiaram de modo excessivo em clientes que não tinham bom histórico de pagamento de dívidas nos últimos anos. Esse tipo de financiamento, de alto risco, é chamado de “subprime” (traduzido como “de segunda linha”).
Os clientes davam como garantia suas casas, mas o mercado imobiliário entrou em crise em meados do ano passado. Os preços dos imóveis caíram, reduzindo as garantias dos empréstimos.
Com medo, os bancos dificultaram novos empréstimos. Isso fez cair o número de compradores de imóveis, agravando ainda mais a crise no setor, que começou a ser observada em julho de 2007.
O problema pode afetar o nível de emprego e o consumo, causando uma recessão geral na economia dos EUA.
Bancos transformaram esses empréstimos hipotecários em papéis e venderem a outras instituições financeiras, que também acabaram sofrendo perdas.
Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos anunciaram prejuízos bilionários, como o Citigroup e o Merril Lynch, que perderam quase US$ 10 bi cada um no 4º trimestre.
Como os EUA estão entre os maiores consumidores do mercado global, todo o mundo é afetado. Países que exportam para lá, como o Japão por exemplo, que enfrentou o início de sua pior crise.
Crise Deka
O que o Japão vende para os EUA?
Carros, Celulares, Consoles, Televisores, Equipamentos, entre outros produtos, principalmente fabricados por dekasseguis como brasileiros, peruanos e chineses em solo japonês.
Com a crise de 2008, os primeiros a serem cortados quase que imediatamente, foram os estrangeiros. O que gerou a famosa crise deka em 2008 e 2009, e por mais incrível que pareça, eu estive nela.
Desempregado entre setembro de 2008 e abril de 2009, vaguei por escritórios municipais de emprego (Hello Work : Aichi – Gifu) quase todos os dias, sempre lotados em com as mesmas respostas:
-”Empregos apenas para japoneses.”
Em maio de 2009 a taxa de desemprego no Japão alcançou o seu nível mais alto em quase seis anos, uma vez que a indústria de manufatura japonesa continuou a cortar postos de trabalho, apesar da melhora das condições econômicas para o setor corporativo.
A crise se estendeu por todo o ano de 2009 e 2010, com altos e baixos. Mas sempre afetando em 90% os estrangeiros.
Então algo inédito aconteceu. O governo japonês decidiu pagar a passagem de volta para brasileiros que desistissem do Japão, sendo proibidos de retornarem mesmo se o país voltasse a ficar forte economicamente.
Era como ser deportado voluntariamente.
Sem saída, milhares de famílias retornaram com o chamado auxílio retorno, doado pelo governo japonês.
Interpréte do Hello Work de Hamamatsu fala para os brasileiros sobre a ajuda do retorno
No final de 2010, o Japão começara a entrar novamente em seu eixo econômico, e respirar mais aliviado o que seria o final de uma grande crise econômica.
No início de 2011, eu já estava preparado para retornar ao Japão, uma vez que a crise estava amena e emprego não era mais o problema. Teria que enfrentar apenas a nova burocracia de embarque, que para quem não sabe, são dezendas de documentos de descendência e antecedentes que demoram meses para serem autenticados.
Como sempre, meu embarque estava programado para abril de 2011. (Primeira vez: abril de 1991, Segunda vez: abril de 1998, Terceira vez: abril de 2003) Não seria diferente em 2011.
Porém, em 11 de março de 2011, aconteceu o terremoto seguido de tsunami no norte do Japão, me impedindo de viajar. Uma vez que a grandeza do terremoto acarretaria novamente uma grande crise.
Crise pós terremoto – a pior desde a segunda guerra mundial no Japão.
Veja o vídeo abaixo, um tsunami com terremoto, repare o desespero das pessoas.
Foram mais de 23 mil mortos e desaparecidos numa das maiores catástrofes naturais do Japão. E este ainda não foi o Terremoto de Tokai.
Como se não bastasse a destruição causada pelo tsunami, houve também o vazamento nuclear de fukushima, obrigando milhares de pessoas a abandonarem dezenas de cidades atingidas pela água ou radiação.
Milhares de pessoas que seriam indenizadas e viveriam com auxílio desemprego do governo.
Só o terremoto e tsunami de março no Japão custaram US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões para as seguradoras, disse a Munich Re, em um relatório que analisa os desastres naturais do ano passado.
A Situação das vítimas do terremoto se agrava com o término do recebimento do seguro-desemprego.
Em janeiro e fevereiro de 2012, cerca de 4 mil pessoas ficarão desprotegidas pelo seguro social.
A situação de pelo menos 1.300 moradores das três províncias mais afetadas pelo terremoto e tsunami de março se agravará no fim do mês quando termina o recebimento de suas parcelas do seguro-desemprego, revelou a NHK. Em fevereiro, é previsto que mais pessoas não poderão mais contar com o benefício.
No momento, a busca por emprego se tornou assunto de importância vital para esses moradores. Até novembro do ano passado, mais de 64.000 pessoas receberam o seguro-desemprego em Iwate, Miyagi e Fukushima (cerca do dobro em 2011).
Segundo dados do Ministério do Trabalho, 1.300 pessoas perderão o benefício no fim de janeiro e 2700 em fevereiro. Os habitantes das áreas afetadas pelo desastre tem problemas para encontrar emprego estável, informou a NHK. Muitos dos trabalhos são temporários. Os sobreviventes podem receber os benefícios durante pelo menos 10 meses.
Situação quase que idêntica a dos estrangeiros em 2008 e 2009.
Primeiro Ministro japonês visita escritório de Empregos (Hello Work)
Com o fim dos benefícios e indenizações, milhares de japoneses e também estrangeiros, procuram diariamente nos mesmos escritórios (hello Work) empregos ainda não disponíveis no mercado.
2012 será um longo ano para o Japão…
O que é o Grande Terremoto de Tokai?
É um grande terremoto que costuma ocorrer em períodos cíclicos que variam de 100~150 anos aproximadamente, na região de Tokai (províncias de Shizuoka, Aichi, Gifu e Mie), com grande repercussão em todo o Japão. O último ocorreu em 1854, há mais de 157 anos (Escala Richter 8,4 graus, tremor de intensidade 6 na escala japonesa). O monte Fuji chegou a expelir fumaça.
O governo japonês divulgou em 27.11.2001 novas informações sobre um terremoto de grande intensidade que está previsto para acontecer na região de Tokai, mais especificamente na baía de Suruga (Shizuoka), que está localizada exatamente sobre a junção de três placas tectônicas. O grande terremoto de Tokai pode acontecer a qualquer momento, dizem os especialistas, que já esta atrasado.
(Escrito por Equipe Em Tempo RealEconomia, Notíciasjan 10, 2012)
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