terça-feira, 20 de novembro de 2012

'Estávamos contando os dias para a formatura', diz pai de morto nos EUA Estudante gaúcho Marcelo Rugini, 24 anos, morreu em acidente de avião. Jovem estudava agricultura e estava há sete anos nos Estados Unidos.




Gabriel Cardoso
Do G1 RS

Marcelo Rugini morreu em acidente de avião nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal)
Marcelo Rugini morreu em acidente de avião nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal)

Um telefonema na noite de sexta-feira (16) interrompeu os planos e abalou a família Rugini, moradora da pequena Muliterno, município de 1,7 mil habitantes no Norte do Rio Grande do Sul. Do outro lado da linha, um amigo de Marcelo Rugini, 24 anos, avisava que o caçula da família havia morrido em acidente nos Estados Unidos, onde o jovem estudava e trabalhava havia sete anos. Os pais, um agricultor e uma merendeira, já tinham feito passaporte e tirado o visto norte-americano para acompanhar a formatura do estudante.
"Ele era uma pessoa sem explicação, era muito querido por todos, nasceu aqui na comunidade. Estamos muito abalados. Os amigos estão sentindo a perda", disse ao G1 o pai de Marcelo, Antônio Rugini, 56 anos, na manhã desta terça-feira (20).
Ele era uma pessoa sem explicação, muito querido por todos"
Antônio Rugini, pai de Marcelo
O acidente ocorreu no aeroporto regional do condado de Knox, no estado norte-americano do Maine. Marcelo era passageiro de uma aeronave de pequeno porte e, junto com amigos, faria um passeio. Ainda na pista, o Cessna 172 se chocou em uma caminhonete e caiu logo depois da decolagem. Além de Marcelo, dois colegas americanos morreram.
Por conta das boas notas, o jovem conseguiu uma bolsa de estudos para buscar uma especialização na atividade desempenhada pelo pai. Marcelo cursava Agricultura Sustentável na Universidade do Maine. "Ele sempre se destacava no colégio pelas boas notas, conseguiu bolsa de estudos. Sempre tirava nota acima de nove ou tirava 10. Quando ia um pouquinho pior, tirava oito. Era amigo de todo mundo. Era sempre alegre, fazia qualquer trabalho na fazenda", contou o pai.
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Antônio conta que a tão esperada formatura de Marcelo já estava marcada. Seria dia 11 de maio de 2013. A família havia tirado o passaporte e feito o visto norte-americano e agora juntava dinheiro para comprar as passagens. Antônio teria a companhia da mulher, Maria de Lurdes, merendeira em uma escola da cidade, e de uma sobrinha do casal, que fala inglês e ajudaria na comunicação nos Estados Unidos. "Estávamos contando os dias para a formatura. Já tínhamos feito o passaporte. Estávamos juntando dinheiro, fazendo economias", revelou.

Marcelo Rugini (D), ao lado do amigo Lucas
Bernardi, que também estuda e vive nos
EUA (Foto: Arquivo Pessoal)
O pai conta que a família tem recebido a ajuda de amigos. A morte de Marcelo mexeu com a pequena cidade, onde ele era muito conhecido. Mas para Antônio ficam as boas recordações de um filho de quem ele fala com muito orgulho. "A gente está se conformando, tem que aceitar, não tem o que fazer, mas foi um choque muito grande. Temos mais uma filha, mas não mora mais conosco, já é casada. O Marcelo é o caçula", explicou.
"A situação é dura, mas tem que passar. A vizinhança está nos ajudando. Marcelo era um rapaz bonito, inteligente, trabalhador, só dá pra falar qualidades dele”, descreveu o cunhado, Fernando Vassoler, casado com Cadjaluana Rugini, irmã mais velha de Marcelo.
Ligação inesperada serviu de despedida
Um dia antes do acidente, na quinta-feira (15), por volta das 11h, o telefone tocou na casa dos Rugini. Dona Lourdes atendeu, surpresa. Era Marcelo. A mãe logo perguntou se estava acontecendo alguma coisa, pois o filho costumava ligar apenas no fim de semana ou à noite.
"Ele não tinha costume de ligar durante a semana e de dia, ligava no domingo ou à noite. Aquele dia ele ligou 11 horas, minha esposa até perguntou porque estava ligando, ele disse que queria saber como todos estavam, perguntou da irmã, dos sobrinhos, perguntou sobre todo mundo. Minha esposa insistiu perguntando porque ele queria saber de todo mundo. Ele disse que ia ter provas, ia ficar estudando e não ia poder ligar nos próximos dias”, contou Antônio.
Corpo só deve chegar ao Brasil na próxima semana.


                                                                                              Marcelo Rugini (D), ao lado do amigo Lucas
                                                                                                                                 Bernardi, que também estuda e vive nos
                                                                                                                                               EUA (Foto: Arquivo Pessoal
 Estudante iria se formar em 2013 nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal)                             Marcelo Rugini (D), ao lado do amigo Lucas Bernardi, que também estuda e vive nos EUA (Foto: Arquivo Pessoal)
Estudante iria se formar em
2013 nos EUA
(Foto: Arquivo Pessoal)

Os chefes e amigos de Marcelo nos Estados Unidos preparam uma despedida para o brasileiro. A cerimônia deve ser realizada até o fim da semana na fraternidade universitária Lambda Chi Alpha, onde o gaúcho estudava. Segundo a família, o corpo só será liberado pela polícia americana na quarta-feira (21).
A previsão é que o corpo de Marcelo só chegue ao Brasil na semana que vem. O enterro será em Muliterno, terra natal da família. Aos poucos, os Rugini vão retomando a rotina. A mãe, Maria de Lurdes, é a mais abalada. Teve que procurar a ajuda de um médico para lidar com a perda do filho. Os vizinhos também prestam apoio aos familiares.
Marcelo ainda não havia decidido o que fazer após a formatura. O jovem sentia muita saudade da família, mas o futuro próspero nos Estados Unidos o fazia pensar. Com orgulho, o pai conta que Marcelo trabalhava em uma fazenda na América do Norte e era muito admirado pelo patrão, que queria que ele seguisse por lá.





Fonte: http://g1.globo.com/

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