terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Canibal diz ter comido homem por vingança na República Centro-Africana


Mais de 500 pessoas foram mortas em uma semana de luta sectária no país, afirmaram oficiais de ajuda. Segundo a ONU, mais de meio milhão de pessoas estão deslocadas 

Conhecido como "Cachorro Louco", homem diz ter comido carne humana por vingança em conflito religioso
Conhecido como "Cachorro Louco", homem diz ter comido carne humana por vingança em conflito religioso

A violência entre grupos religiosos na República Centro-Africana atingiu um novo extremo neste final de semana, com relatos de canibalismo na capital do país, Bangui.

Em uma das ruas da cidade, o intenso trânsito de ônibus e a poeira ainda não conseguiram apagar uma mancha de sangue. Há alguns dias, um muçulmano foi morto por cristãos, e seus braços e pernas foram arrancados.

Em seguida, um dos homens na multidão começou a comer a carne da vítima.

A equipe da BBC filmava perto dali. Alguns instantes depois, o repórter foi abordado por um jovem de camisa amarela e armado com um facão, que se identificou como sendo o canibal.
Câmeras de celular haviam registrado o crime. As imagens mostram um corpo queimado e estraçalhado sendo arrastado pelas ruas por uma multidão. No vídeo, o jovem que conversou com a BBC aparece mordendo a perna do cadáver.

A República Centro-Africana vive dias de intensa violência entre milícias cristãs e muçulmanas. O país de maioria cristã era governado por um presidente muçulmano até a semana passada. Michel Djotodia havia chegado ao poder em março de 2013 com ajuda de milícias.

Ele prometeu desmantelar as gangues que o ajudaram, mas não conseguiu. Em reação, cristãos montaram milícias próprias, e o país se afundou em um conflito religioso armado.

Mais de mil pessoas já morreram e estima-se que 20% da população total do país abandonou suas casas e vive refugiada.

Grávida e bebê mortos
O homem que admitiu o ato de canibalismo é apelidado de "Cachorro Louco".

Ele disse que muçulmanos haviam assassinado muitos familiares seus, incluindo sua esposa - que estava grávida - sua cunhada e sua sobrinha, que ainda era bebê.

"Eles derrubaram a porta da casa da minha cunhada e a encontraram com o bebê", diz ele. "Eles cortaram seus seios. Eles também mataram a bebê com uma faca. Era uma bebê muito nova, mas eles a cortaram ao meio. Eu jurei que me vingaria", afirmou.

Não está claro se a vítima de "Cachorro Louco" tinha algum envolvimento em algum episódio de violência, ou se ele foi morto apenas por ser muçulmano.

"Cachorro Louco" contou à BBC que viu a vítima sentada no ônibus e decidiu segui-lo. Ele também reuniu outros cristãos que passaram a seguir o ônibus.

O veículo foi parado pela multidão que se formava, e o motorista identificou o homem perseguido como sendo muçulmano. Ele foi arrastado para fora do ônibus e assassinado.

"Eu o esfaqueei na cabeça. Eu derramei gasolina nele. Eu o queimei. Então eu comi sua perna, tudinho até chegar ao osso, com pão. É por isso que me chamam de 'Cachorro Louco'", disse.

A parte mais perturbadora do vídeo é quando "Cachorro Louco" aparece sorrindo enquanto mastiga.

Quando perguntado pela BBC sobre o motivo da violência e do canibalismo, ele respondeu: "Porque estou furioso".

Uma das testemunhas de todo o episódio, Ghislein Nzoto, disse que ninguém tentou impedir a violência.

"Todos estão furiosos com os muçulmanos. De jeito nenhum alguém teria coragem de intervir", diz.

Nzoto disse entender o motivo pelo qual os muçulmanos estão sendo perseguidos por cristãos, mas afirmou que não concorda com o ato de canibalismo. Ele acha que talvez isso possa ser só um ato isolado de alguém com distúrbios mentais.

A testemunha também levanta outra hipótese: a de um ato de magia negra. Muitos dos combatentes cristãos usam amuletos que contêm pedaços de carne das vítimas que eles assassinaram.

Enquanto "Cachorro Louco" conversava com a BBC, muitos cristãos ao seu redor balançavam suas cabeças, em sinal de apoio, e davam tapinhas nas suas costas. Ali, ele é tratado como um herói por seu ato de canibalismo.






























Vi no noticias.uol.com.br

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