By Paulo Sakamoto
Crédito: Divulgação
FUKUI (IPC Digital) – Os incríveis penhascos de Tojinbo, na província de Fukui, são mais conhecidos pelos pelos suicídios do que por sua beleza natural. Nos piores anos, cerca de 100 pessoas escolhiam o local para tirar a própria vida, atirando-se em direção às rochas. Mas, com a ajuda de um policial aposentado, esse triste número foi significativamente reduzido para apenas 15 no ano passado.
Yukio Shige, 71 anos, se autodenomina como homem “chotto mate” (espere um pouco). A frase de alerta já foi usada por ele em centenas de ocasiões nos 12 anos em que patrulha a área dos penhascos procurando por potenciais suicidas. De acordo com Shige, mais de 500 vidas podem ter sido salvas através das suas abordagem.
Tudo começou no outono de 2003, pouco antes de Shige se aposentar. Um casal de idosos em um barco chamou a atenção do policial. Em um bar local, o casal disse para Shigue que as dívidas acumuladas eram insustentáveis e que no final daquele dia, os dois pulariam do penhasco.
“Chotto Matte!”, disse Shige para eles. Ele solicitou um carro patrulha e levou o casal até o departamento social da prefeitura local, onde ajudou a preencher alguns formulários de pedido de renegociação. Cinco dias depois, ele recebeu uma carta do casal dizendo que o pedido de ajuda foi recusado e que eles estavam a caminho de Nagaoka, em Niigata, onde iriam se enforcar.
A partir daquele dia, Shige já sabia o que iria fazer durante seu anos de aposentadoria. Desde então, sua rotina diária tem sido basicamente uma patrulha pelos penhascos de Tojinbo, juntamente com cerca de 20 voluntários de uma ONG que ele fundou.
Segundo Shige, é fácil perceber a diferença entre um potencial suicida e um turista solitário. Em suas abordagens, o aposentado começa uma conversa informal que pode denunciar um comportamento suspeito.
Ele revelou ao semanário Shukan Shincho uma história que não teve um final feliz. Em um incidente recente, um dos voluntários do grupo de Shige abordou uma mulher que indicava que estava certa do que queria fazer. Para o voluntário, ela disse: “Não fale comigo por 10 minutos”. Enquanto ele aguardava a mulher pensar, outras pessoas chamaram a polícia, que assumiu o controle da situação. Durante cinco horas, os policiais tentaram convencê-la a não pular. Subitamente, ela disse “Sayonara”, e pulou.
“O que os policiais disseram para ela?” perguntou Shige ao voluntário. “Eles disseram para ela pensar como o pai e a mãe dela deveriam estar preocupados”, respondeu o voluntário. “Essa é a pior conversa possível” disse o ex-policial.
Segundo Shige, só há uma maneira de lidar com a situação: “Você mesmo deve ajudá-los a resolver os problemas. Se eles estão com dívidas, eu os levo para buscar assistência jurídica; se eles estão sem trabalho, eu os levo até a agência do Hello Work; se eles estão desabrigados, eu os levo para minha casa.
O vídeo abaixo mostra uma abordagem de Shige filmada em 2010 por uma TV do Japão. Um documentário sobre a vida do homem “chotto mate” está sendo gravado e será distribuído na internet.
Lí no ipcdigital.com
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